Envenene-se


Envenene-se...
Envenene-se...
Envenene-se crianças crias desse tempo sem calmarias ou bonanças.
Envenene-se crianças ainda no sonhar,
logo ao despertar,
antes do café da manhã.
Envenene-se no ponto de ônibus,
antes do bom dia seco do professor.
Envenene-se,
vistam-se de luto e degeneração,
camuflem-se ao mundo em que lhes jogaram,
mas fundamentalmente envenenem-se,
amaluquem-se de peçonha,
de refrigerante com monóxido,
de água de esquistossomose,
de cistos de desesperança.
Envenene-se.
Envenene-se crianças,
envenene-se de multinacionais,
de multimídias,
de mutilações.
Envenene-se suas narinas,
veias, alveloz,
que o mundo não vale uma virtude sequer.
Envenene-se de amores falsificados,
virão-se usando o amor,
já que o ódio é por demais inócuo e pouco criativo.
Criaturas mal nascidas,
envenene-se de insônia,
de tímpanos sangrando,
de sedativos.
Inoculem-se de desconfiança e perfídia.
Envenene-se crianças que o mundo não lhes considerá uma única contra-dança.
Eu de minha parte,
vou continuar aqui,
e todos nós apesar de tudo,
continuaremos aqui.



* por Ricardo Cangemi da Cruz







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4 comentários:

  1. Uau... estou sem palavras, tem uma fúria incrível, vc realmente se supera cada dia mais seu lindo >.<

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  2. Estamos vivendo num mundo que por si só já é um veneno.

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  3. incrível,adorei embora que desanimador

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